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Há alguns dias, descobri um filósofo chamado David Bentley Hart. Desde então, tenho ouvido palestras e podcasts incessantemente. Tenho apreciado muito o que escutei e gostaria de compartilhar algumas reflexões que surgiram em mim após ouvir um podcast em que ele foi convidado a falar.

Nesse podcast ele fala sobre Deus, ser e consciência. Hart faz uma observação interessante: a oração é um ato de subversão em um mundo ocidental capitalista e essencialmente ateísta.

Se o seu inglês estiver em dia, vale muito a pena ouvir aqui! (Especialmente a partir do minuto 46).

David Bentley Hart destaca um aspecto central do capitalismo: a criação e o cultivo de desejos nos consumidores. Esses desejos, muitas vezes, não existem naturalmente, mas são intencionalmente cultivados, abrindo espaço para a formulação de novos anseios que acabam se transformando em necessidades.

E esse modelo é o que faz as empresas lucrarem e mantém a roda girando. O bombardeio de publicidade que enfrentamos diariamente já se tornou uma espécie de ruído branco, afirma Hart. A cultura incute desejos em nossos corações, e isso, segundo o filósofo, é uma característica profundamente ateísta.

Isso não deveria impedir-nos de acreditar numa vida digna dentro desse modelo econômico.

Em um sistema onde o desejo é o combustível primário do lucro, qualquer coisa que elimine esse desejo se torna indesejável e precisa ser suprimido. Nesse contexto, novos desejos são constantemente incentivados e, se possível, devem competir com o que Hart chama de “Valores Supremos.”

Deus, então, se torna um valor que ameaça essa incessante criação de desejos, já que Ele pode nos direcionar para um caminho completamente oposto ao que o mercado espera que sigamos.

Não há valor mais problemático do que Deus, pois Ele pode enviar você para o deserto em vez de para o mundo dos negócios.

David Bentley Hart, falando sobre oração

A cultura ocidental é, em essência, niilista e supremacista, acreditando que sua visão mecanicista de mundo é a única correta. Aqueles que não compartilham dessa perspectiva são considerados completamente equivocados. O que não se encaixa nos moldes da racionalidade cartesiana é descartado como mito ou folclore.

Hart argumenta que a cultura ocidental é intrinsecamente ateísta, pois vê o ser humano como uma máquina, um software programável. Assim, o ser humano pode ser manipulado, editado e “aperfeiçoado”. Nessa lógica, os desejos são fabricados sem levar em conta suas consequências, desde que gerem lucro.

Por isso, Hart defende que a espiritualidade, no contexto ocidental, funciona como uma forma de resistência contra essa formatação dos desejos. O capitalismo incentiva você a abrir seu coração para novos desejos e sonhos de consumo, já a prática da oração oferece uma rota de fuga, afastando você das garras do mercado e proporcionando um caminho de liberdade e subversão.

Achados nas interwebs

☕️
Sala de espera é uma playlist que combina músicas que me inspiram enquanto continuo na caminhada, especialmente enquanto espero. Atualizo a playlist sempre então vale a pena seguir! :)

❤️
Você é Aquilo que Ama de James K. A. Smith mostra como nossos desejos moldam quem somos. Ele afirma que o discipulado deve focar em reorientar nossos amores e hábitos, não apenas em transmitir conhecimento.

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